RIO DE JANEIRO (Reuters) - O candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB), estável há três semanas em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, disse neste domingo confiar em uma "onda da razão" para recuperar terreno e fez críticas diretas à candidata Marina Silva (PSB) por mudar o que pensa "ao sabor dos ventos".
"Eu não vendo ilusões, eu tenho um projeto para o Brasil amplamente discutido e coerente com o meu passado. Eu não mudo de posição ao sabor dos ventos", disse Aécio a jornalistas ao lado do jogador de futebol Ronaldo, que o acompanhou em um evento na Central Única de Favelas (Cufa), no Rio de Janeiro.
Como exemplo de posturas contraditórias, o tucano fez referência às correções feitas por Marina em seu programa de governo na parte dedicada aos direitos LGBT, supostamente após receber críticas no Twitter, e citou a mudança de posição da ex-ministra do Meio Ambiente em relação ao agronegócio e ao transgênicos, cujo uso foi defendido pelo tucano.
"O errado seria eu mudar de ideia porque alguém tuitou algo contra uma proposta minha, seria eu mudar de ideia porque agora preciso agradar a um setor da economia, porque eles têm voto, mesmo que lá atrás, no caso do agronegócio e da Marina, ela tenha sido frontalmente contrária ao avanço dos transgênicos no país", disse ele.
Com pouco mais de 20 dias restantes até a eleição em 5 de outubro, Aécio insistiu na estratégia de se colocar como uma opção segura de mudança e afirmou apostar numa guinada repentina a favor da candidatura tucana por meio de uma "onda da razão."
"A minha expectativa é que depois de várias ondas nessa eleição, está chegando a onda da razão, e na onda da razão somos nós que vamos ganhar essas eleições", disse ele.
FRACASSO NA ECONOMIA
Aécio aproveitou o lançamento do livro "Um país chamado favela", em que os autores Celso Athayde e Renato Meireles fizeram um diagnóstico estatístico da situação das favelas brasileiras, para alfinetar também a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Segundo a obra, 76 por cento dos moradores da favela responderam ter melhorado de vida nos últimos anos, mas apenas 1 por cento desses disseram que isso se devia a ações de governo. O dado foi usado por Aécio para acusar o governo de Dilma de enganar a população ao creditar a si uma eventual melhora nas condições de vida dos cidadãos.
"Diferente do que o atual governo defende, esse discurso de que o Estado que modificou a sua vida é uma enganação", disse Aécio, acrescentando em seguida que "o atual governo fracassou pelo absoluto descompromisso com a ética... e fracassou na condução da economia".
Na segunda-feira será a vez de Dilma receber um exemplar do livro das mãos dos autores na sede da Cufa, que pretende também receber Marina.
(Reportagem de Felipe Pontes)